Eram frios, o chão e a calma.
Deitava-se o peito nu, sobre o cimento.
Ao meio dia,
O céu se abria no chão da cozinha.
O silêncio era os olhos perdidos na réstia de sol.
Não mais, procura-se a ausência do reflexo
No espelho do pote, da qual ressentia.
Estava lá,
A minha alma em febre,
Vagando serenas ondas de luz.
Febre de romper o tempo,
Ganhar espaço, emergir do acaso do ócio.
O tempo é o barco sem remos,
Cantando hinos, contando idos.
Mas não cansa a alma lírica, do tom
Das letras em fuga.
Passa o tempo e o pote.
Passa a água, reencarna às canções.
Canta, a alma, canções líricas.
Velando cebolas no leito do pote.
(por: Paulo Lima)