Eu não sei se foi por rima
ou insulto ou desagrado
nascer sem escolher a sina
de homem feito e formado.
Queria mexer com terra,
aboiar gado arrojado,
montar cavalo, quem dera,
sob o sol encorajado.
Sentir o orvalho cair,
enquanto o café é coado.
Se banhar e se vestir,
nascer com o canto do galo.
Na fronteira do curral,
queria aboiar o gado.
Na merenda matinal,
beber o leite espumado.
É o sonho de infância,
mas agora, diplomado,
expira o sonho na ânsia,
daquele sonho acordado.
Mas do sonho de vaqueiro,
não desisto nem um passo,
pois meu sangue é brasileiro,
não vulnerável ao fracasso.
Deste sangue preto e branco,
vermelho, pardo e mulato,
cores de almas guerreiras,
que tem o riso e o cansaço,
como marca brasileira,
do desigual Brasil farto,
é que faço deslumbrante,
o desenho do meu traço.
Assim, bravo e brasileiro,
não arredo desamparo.
Sou mais valente e guerreiro,
quanto mais me dizem fraco.
Quando a noite reluzente
escurece a capoeira
é que sinto que sou gente,
brava gente brasileira.
(por: Paulo Lima)
Nenhum comentário:
Postar um comentário