enquanto as estrelas lastravam o céu.
À luz da lamparina, a conversa exaltada das visitas,
o café cheiroso e o fumo impregnando o ar.
Havia contos de fadas,
leitura de cordéis,
e histórias terríveis para amedrontar.
Besouros cercavam a luz
como se esta fosse o próprio alimento,
ou talvez quisessem nela alargar suas vidas quiméricas.
A repentina inquietação do gado,
o tilintar desordenado dos chocalhos,
os cães ladrando,
tudo, enfim, era uma canção harmônica
que as partituras não registram.
Ah, aquele alpendre era um país!
Uma nação inteira passada a registro
à custa de línguas santas e ferinas.
Há de existir algum meio,
alguma fórmula ou prescrição,
de algum dia voltar a sentir
o âmago, quem sabe o êxtase,
daquelas noites sem fim.
(Por: Francinilto Almeida)
Muito boa!!! Esta marca da vida do sertanejo está estampada nos sonhos que sempre tive. E é uma pena, que não há ou está deixando de haver, valoração da vida no campo, como se vivesse da terra fosse um desejo menor (a falta de cuidado com o homem do campo é realmente uma atitude menor da gestão pública). Pensei que quando ficasse maduro, pudesse aguardar meus amigos e familiares para uma conversa, na proteção do alpendre, sem que a beleza celestial não fosse interrompida por concreto, luz ou som urbano. E acordar, cedinho, e olhar a vaca laçada, a se deixar (sem querer) levar seu leite, enquanto tiramos, ainda preguiçoso, a remela do olho!!! Estes são sonhos meus, que vejo fluir para o impossível. Abraços!!!
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