Convite à comunidade tabuleirense

Não temos a pretensão e nem imagem tradicional de militante político, cultural, ambiental e esportista. No entanto, pensamos e quem pensa criticamente e busca informações honestas não consegue conviver com a negligência nestas áreas de interesse. Este blog é uma maneira particular de exercitarmos nossa cidadania e divulgarmos os nossos pensamentos nas áreas de política, cultura, meio ambiente e esporte. Além do mais, a razão deste blog é incrementar discussões sobre política, cultura, meio ambiente e esporte referentes ao município de Tabuleiro do Norte. Assim, convidamos a todos os amigos do nosso querido "torrão sempre amado", sem distinção política, religiosa, de cor, de gênero, de classe social, etc., para interagir e acompanhar as postagens. É pretensão nossa postar textos, poesias, imagens e notícias. Sugiro também a quem quiser colaborar com estes formatos de comunicação e expressão que estaremos recebendo-os e analisando-os, através do e-mail: cirandadeverbo@gmail.com. Esperamos que participem e apreciem da melhor maneira possível e sigam este novo caminho. Felicidades!!!

sexta-feira, 2 de março de 2012

Texto: A política e o meio ambiente

Faz algum tempo que deixei de acreditar que a resolução dos desafios ambientais passasse por outra vertente a não ser política. Tenho certeza que diante da ainda incipiente atuação dos movimentos ambientalistas locais, frente aos interesses políticos equivocados, as questões ambientais são postas em planos secundários nos inúmeros embates mostrados de forma menos calorosa pela mídia conservadora.
Inúmeros exemplos de degradação ambiental poderiam ser evitados por medidas mitigadoras ou de estacionalidade. Por exemplo, não precisaríamos indenizar vários imóveis construídos até 30 metros de cada margem do Riacho Quixeré se desde o início da sua ocupação irregular a gestão pública municipal tivesse empenhado a fiscalizar a construção de casas em Áreas de Preservação Permanente. Não o fez, e dessa forma os custos atuais de reparação dos danos serão muito maiores. Mesmo assim, sob entendimento da situação, ainda não há nenhuma medida séria e eficaz de preservação deste sistema hídrico tão importante para a qualidade ambiental urbana e para a drenagem das águas do município de Tabuleiro do Norte.                
Poderíamos citar vários outros exemplos: uso indiscriminado de fertilizantes e agrotóxicos na agricultura; sistemas de monocultura intensiva na Chapada do Apodí e toda problemática associada, discutida até hoje nos bastidores dos movimentos sociais e acadêmicos; desmatamento da mata ciliar de rio, riachos e córregos, mais expressivamente nas margens do rio Jaguaribe, cuja degradação do ecossistema é intensificada ainda mais com a construção de imóveis residenciais e comerciais, a exemplo das próprias barracas construídas na margem, para não dizer no próprio leito do rio; lançamento de resíduos sólidos em lixão e terrenos baldios; lançamento de esgoto nas galerias pluviais e terrenos da periferia da cidade, cuja água, em muitos casos, é utilizada para produção de pastagem; drenagem urbana ineficiente, com alagamentos recorrentes nos últimos anos, intensificada pelo aterramento de bueiros, barramentos e assoreamento de canas de drenagem; etc.
Toda esta problemática socioambiental apresentada e que reflete a realidade do nosso município só será resolvida por meio da gestão pública: seja por motivação própria ou por pressão da comunidade. As duas possibilidades são igualmente difíceis e depende de que ou a gestão pública ou a comunidade ou ambas descubram uma nova maneira de ver a sociedade, dentro de um contexto ambiental, cultural, econômico e social mais amplo. O grande problema é que o plano de governo geralmente não é um plano integrado para o desenvolvimento holístico do município e sim plano de administração individual do gestor. Além disso, os projetos ambientais dificilmente têm início e fim dentro de quatro ou oito anos de mandatos e, que sob os arranjos culturais da política atual, não é de interesse do gestor da oposição em continuá-los na sua gestão.
O outro problema fundamental é a falta de participação da comunidade: seja na escolha de candidatos com perfil direcionado às diversas áreas de interesse social (educação, saúde, habitação, segurança, meio ambiente, moradia, etc.) e atualizado com as mudanças da sociedade; seja na fiscalização e na cobrança da efetivação da gestão pública; seja na ação cidadã de cooperar para um mundo mais sustentável, diverso, humanitário e pacífico.  
O rumo da solução para garantirmos a qualidade de vida no nosso município inicia com a busca de informações sobre os problemas inerentes ao desenvolvimento e bem-estar da comunidade. Além do mais, devemos assumir o compromisso de discuti-los e propor alternativas para contorná-los, exercendo desta forma nosso dever de cidadania. Depois, consciente dos desafios, elegermos representantes que compreendam e reconheçam estes problemas, sejam capazes de resolvê-los e tenham realmente a intenção de solucioná-los. A partir de então, a comunidade tem que atuar como fiscalizadora e colaboradora para que os objetivos coletivos sejam alcançados da maneira mais democrática possível.
Reconheço que esta receita, aparentemente fácil, é ainda muito utópica para a realidade política do nosso país, mas é um caminho alternativo a ser percorrido. São os nossos direitos e deveres que estão em jogo, jogo este para o qual muitas vezes não entendemos as regras e, justamente por isso, não nos damos conta que estamos envolvidos em cada jogada.

(por: Paulo Lima)

4 comentários:

  1. Concordo com seu ponto de vista Paulo. Mas gosto também de pensar que a população tem possibilidade de "forçar" o poder público a tomar medidas eficazes. Pra isso é preciso uma população instruída, com consciência social, ambiental. Isso não se consegue do dia pra noite (infelizmente). Tenho visto alguns sites falando sobre alguns movimentos coletivos que tem ganhado força seguindo uma linha de pensamento diferente do pensamento direitista. Um exemplo se site coletivo pra discussão - e creio piamente que o Ciranda pode crescer e virar um movimento forte - que é o http://www.outraspalavras.net/.

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  2. Outro site que podemos ver é http://foradoeixo.org.br/

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  3. Os poderes que a população deveria ter para pressionar ou "forçar" a gestão pública a gerir da melhor maneira estão colocados no texto. Sem a participação da comunidade, a gestão pública faz o que quer e da forma que quiser. É ilusão, POR ENQUANTO, acreditar na existência de gestores que fazem tudo como deve ser feito sem apelo da população. Tanto a sociedade quanto os poderes (federal, estadual e municipal) devem está conscientes quanto às necessidades e demandas da população; os poderes, sem a participação do povo, governa como quer; se o povo participa ativamente, não há governo contrário aos interesses da população que se sustente. Recentemente, em países da África, vimos as consequências e conquistas da força do povo contra governos indesejáveis.

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  4. Isso mesmo Paulo. Precisamos, com urgência, nos organizar pra tornarmo-nos conscientes de nosso papel na sociedade. Vamos buscar criar espaços onde possamos discutir sobre essas mudanças. Criamos, Germana e eu, um grupo no facebook chamado Vórtice e te adicionamos. Nossa ideia é sintonizar pensamentos na mesma frequência pra podermos transmitir o sinal.

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Greenpeace: Desmatamento Zero!!!